URUGUAI: PREVISÃO PARA O SETOR LEITEIRO EM 2019 É NEGATIVA

30/11/2018
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Em um ano complicado para a Cooperativa Nacional de Produtores de Leite (Conaprole) a situação dos produtores de leite tem sido ainda mais complexa e não tem perspectiva de melhora. Apesar do alto nível de produção das fazendas leiteiras e da boa colocação de produtos lácteos uruguaios no último ano, os números da empresa permaneceram em vermelho no fechamento do balanço de 2017/18, algo que "nunca havia acontecido no país" , de acordo com o presidente da cooperativa, Álvaro Ambrois.

 

Embora a empresa tivesse um lucro contábil de US$ 58,8 milhões no final do ano em julho, essa rentabilidade foi direcionada de forma antecipada aos prêmios de preço do leite para os produtores, de modo que, em última análise, o resultado foi negativo. Quando o preço prêmio pago aos sócios da cooperativa foi transferido para a conta, o resultado final foi uma perda de cerca de US$ 8 milhões.

 

Isso ocorreu devido a uma decisão tomada pela empresa durante o último exercício financeiro, que, tendo em vista os problemas que o setor atravessou, os lucros que antes eram repassados para o reajuste, foram voltadas para dar conta do prêmio do leite. No entanto, a diretoria disse que, dado o volume de negócios de Conaprole, esses números negativos não implicam que a empresa tenha uma má posição econômica.

 

Mas apesar dessa manobra por parte da Conaprole em apoio aos seus sócios, a situação na primavera - o momento de maior produtividade - tende a se tornar ainda mais complicada. Nesse sentido, o diretor da Conaprole, Gabriel Fernandez, disse que os meses de primavera são quando - tanto os produtores quanto a cooperativa - ganham dinheiro para pagar melhores preços no outono, que é quando há menos leite. "Mas a realidade é que hoje nem os produtores nem a cooperativa ficaram com dinheiro para enfrentar os meses de menos venda de leite e mais gastos. Normalmente, todos os produtores fecham o ano com dinheiro para os próximos meses. Isso não está acontecendo hoje", advertiu Fernandez.

 

Nessa linha, o diretor da oposição da Conaprole, Miguel Bidegain, não espera que a situação dos produtores melhore em curto prazo pelos preços internacionais do leite e do preço do dólar, então ele vê um cenário ainda mais adverso para início de 2019. "Há uma parte dos produtores que está passando por um momento muito ruim. Eu não quero imaginar os momentos de verão com pouco leite e com os gados secos para os partos de outono. O conceito de austeridade deve prevalecer ao máximo", desabafou Bidegain.

 

Em setembro, o preço médio foi de US$ 0,30 por litro, com queda na porcentagem de sólidos (3,74% de gordura e 3,39% de proteína), seis centavos a menos (17% a menos) do que os US$ 0,36 por litro de setembro de 2017. Este é um preço muito semelhante ao custo de produção de muitas fazendas leiteiras. Uma primavera excepcional na produção junto com um bom desempenho de exportação, não foi suficiente durante 2018 para mitigar o resultado de preços deprimidos e dificuldades financeiras que persistem.

 

A captação de leite pela Conaprole em outubro foi a maior da história desse mês com 152,8 milhões de litros, 12 milhões a mais do que no mesmo mês de 2017. No entanto, o endividamento dos produtores com os bancos está próximo US$ 290 milhões, um valor alto em termos históricos, mas abaixo do pico de US$ 350 milhões em 2016. A inadimplência é de 5%, quando em 2014 não atingiu 0,5%. O endividamento das indústrias continua em patamares elevados, em US$ 247 milhões, com taxa de inadimplência de 18%.

 

Data da Publicação: 30/11/2018.

Fonte: MilkPoint

https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/uruguai-previsao-para-o-setor-leiteiro-em-2019-e-negativa-211476/

 

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