TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO
Boas Práticas de Laboratório (BPL) é um sistema da qualidade relativo ao processo organizacional e às condições sob as quais as análises são planejadas, realizadas, monitoradas, registradas, arquivadas e relatadas. O conceito de que a qualidade e a segurança dos produtos são obrigação e principalmente um patrimônio das indústrias está consolidado em muitas empresas, mas deveria ser realidade em todas.
Para que as BPL realmente funcionem é necessário ter descrito tudo o que se faz na rotina, e fazer exatamente o que está descrito, seguindo rigorosamente os Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s). Para evidenciar esse programa é preciso também registrar tudo o que se faz de forma clara, verídica e objetiva, sendo de conhecimento e entendimento de todos os analistas os resultados obtidos nas análises.
Para auxiliar você na rotina do laboratório, seguem algumas dicas importantíssimas:
- Não suponha nada dentro do laboratório! Em caso de dúvidas sobre qualquer procedimento, material ou equipamento, é necessário perguntar! Ler os manuais com frequência é uma alternativa para obter ainda mais conhecimento.
- Em caso de erro é necessário avisar imediatamente a supervisão.
- Trabalhe com atenção, pois nenhum trabalho é tão importante e/ou urgente que não possa ser planejado e executado com segurança.
- Organize o seu espaço de trabalho para facilitar o bom andamento das análises e evitar possíveis acidentes.
- Evite interromper análises ou procedimentos, e caso necessário recomece tudo novamente, pois muitas análises podem sofrer alteração com o tempo.
- Esteja sempre atento e concentrado no seu trabalho, evitando brincadeiras desnecessárias.
- Utilize todos os equipamentos de proteção necessários para as análises, pois lembre-se: existe alguém esperando por você no final de sua jornada de trabalho!
- É procedimento obrigatório lavar as mãos antes e depois do trabalho em laboratório, pois podem estar contaminadas com algum produto químico.
- Os registros devem ser preenchidos com clareza, sem rasuras.
- É proibido comer ou beber no laboratório, bem como fumar. - Importante identificar todos os materiais, soluções, reagentes, gavetas, portas, pois isso facilita o trabalho e evita falhas.
- Deve-se manter conservados os rótulos dos produtos químicos, e caso estes estejam danificados, confeccionar nova identificação, com os seguintes itens: nome, concentração, fator de correção, pH, data de fabricação/ preparação, data de validade, risco (inflamável, tóxico, corrosivo...), observações (como: temperatura e cuidados de armazenamento).
Você é o bem mais precisos do laboratório, por isso proteja-se!
- Uso de jaleco: longo, de algodão, de preferência sem bolsos e cintos (pois podem facilitar um acidente), punhos ajustados e abertura fácil (botão de pressão ou velcro).
- Calças compridas e sapatos fechados.
- Óculos de proteção é essencial e deve ser utilizado durante a execução das análises, sendo resistente e confortável.
- Quando a análise exigir, necessário utilizar máscara de proteção fácil.
- Luvas devem ser utilizadas conforme a atividade a ser executada: manuseio de químicos, contato com calor.
- Proibido uso de adornos, e indicado uso de touca de proteção para os cabelos.
- Avental de PVC é um EPI interessante, pois além de proteger o analista, sua limpeza é prática e auxilia na conservação do jaleco.
Algumas análises de leite demandam cuidados específicos, que se não atentados podem ocasionar erros no resultado final. É importante que os analistas de laboratório tenham conhecimento dos pontos críticos das análises, para que possam desenvolvê-las com qualidade e segurança. A seguir alguns cuidados necessários:
Análises que envolvem pipetagem:
- As vidrarias utilizadas devem ser limpas e secas, bem como íntegras para que não contribuam com desvios.
- Sempre dê preferência a vidrarias volumétricas (volume exato).
- A ambientação/rinsagem da pipeta com a amostra é fundamental, para evitar qualquer tipo de contaminação.
- O escoamento do líquido, na pipeta, deve ser lento, para dar o tempo de toda amostra escorrer da vidraria.
- Deve-se atentar para evitar a formação de bolhas de ar na pipeta, pois ocupam espaço da amostra, produzindo um volume incerto.
- Deve-se utilizar pipetadores/peras para dispersar o líquido, jamais utilizar a boca para “soprar” a pipeta.
- O acerto do menisco deve ser realizado na altura dos olhos. Veja na imagem abaixo onde A representa a forma correta de visualização, já B e C representam a forma errada de acerto do menisco.
Análise de gordura em butirômetro de Gerber:
- Esta análise é uma das mais perigosas realizada em laboratório de lácteos e por isso o analista deve se cercar de cuidados como: uniforme, máscara protetora, luvas de nitrílicas, avental de PVC. Também recomenda-se envolver a vidraria em um pano, com firmeza, para fazer a agitação, evitando assim a projeção de produto químico aquecido caso a vidraria quebre. A agitação deve ser realizada na direção de uma parede, nunca na direção de um colega.
- É imprescindível o uso de pipeta volumétrica nesta análise.
- Os tempos e temperaturas da análise devem ser seguidos rigorosamente.
- Após conclusão da centrifugação, o butirômetro vai para o banho-maria, a fim conduzir todas as gotículas de gordura para o bulbo da vidraria. Portanto, após remover a vidraria do banho-maria, não deve-se mais proceder ajustes na rolha, para evitar que a gordura se prenda à vidraria e não seja lida.
- A leitura da % de gordura deve ser realizada na altura dos olhos, para não causar erro de leitura de menisco.
Análise de densidade:
- A ambientação/rinsagem da proveta com a amostra a ser analisada é muito importante.
- Deve-se largar vagarosamente o termolactodensímetro no leite, e se necessário proceder um leve giro na vidraria para quebra da tensão superficial do leite.
- O ideal é que a amostra transborde sobre a proveta.
- A leitura deve ser realizada na altura dos olhos, conforme ilustração.
Análise de alizarol:
- É importante que o analista tenha claro para si o que ele procura na análise de alizarol, e para que a mesma serve. Esta análise tem por objetivo verificar a estabilidade da proteína do leite por meio da prova do álcool, bem como ter uma ideia da acidez do leite através da alizarina. Sendo assim, deve-se observar a formação de grumos na vidraria utilizada.
- A reação do leite com o álcool é rápida, por isso a análise deve ser realizada individualmente para cada amostra.
- Normalmente os laboratórios utilizam tubos de ensaio para esta análise, entretanto caso a análise gere dúvidas, recomenda-se o uso de uma placa de petri em um fundo escuro para facilitar a visualização do resultado, conforme imagem abaixo:
Análise de acidez por titulação:
- A titulação da amostra deve ser lenta e gradual.
- Deve-se observar a bureta ou acidímetro antes de iniciar a análise, atentando para possíveis bolhas e vazamentos que causarão desvio na análise.
- O acerto do volume da bureta/acidímetro deve ser realizado antes de iniciar a análise.
- A adição do indicador deve ocorrer imediatamente antes do início da titulação.
- Indica-se o uso de um padrão de cor durante a titulação, para facilitar a visualização do ponto de viragem.
- Durante a titulação, o analista deve olhar para amostra, no intuito de observar o momento exato da viragem de cor. Não se deve ficar observando a escala da vidraria.
- Novamente, a leitura do menisco deve ocorrer na altura dos olhos.
Lembre-se:
- Outras pessoas dependem dos seus resultados!
- A pressa é inimiga da perfeição!
- Organização e limpeza devem ser palavras de ordem!
Devemos ter em mente:
Não somos fazedores de análises... somos analistas!
Data da Publicação: 11/10/2016.
Fonte: MilkPoint
http://www.milkpoint.com.br/industria/radar-tecnico/gestao-da-qualidade-e-processos/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-boas-praticas-de-laboratorio-102402n.aspx