RECONSTITUIÇÃO DO LEITE EM PÓ NA REGIÃO DA SUDENE NÃO TRAZ BENEFÍCIOS AO PRODUTOR RURAL
CNA
Produtores de leite da região da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) estão preocupados com a Instrução Normativa 26 de 2016, que autoriza, pelo prazo de um ano, as indústrias de laticínios sob inspeção federal a reconstituir leite em pó para produção de leite longa vida (UHT) e pasteurizado. Segundo eles, a medida não traz benefícios à classe, uma vez que favorece as importações de leite em pó, prejudicando a atividade brasileira.
O assunto esteve na pauta da reunião da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), nessa terça-feira (30/08), em Brasília. Os representantes da cadeia produtiva entendem que a Instrução, publicada pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), atende apenas os interesses da indústria e contraria à prática da produção primária. “A IN nº 26/2016 impacta negativamente o setor em um período de recuperação de preços e falta de incentivos”, afirmou o presidente da Comissão, Rodrigo Alvim.
A Comissão, junto com as Federações de Agricultura e Pecuária da região Nordeste, já protocolou ofício manifestando posicionamento contrário ao pedido da indústria láctea. De acordo com o documento, a Instrução “introduz um fator artificial nas relações de mercado do Brasil, pois a indústria importará todo o leite em pó a ser utilizado na produção do leite fluído. O governo levará muitos produtores a abandonar a atividade, ao invés de garantir o abastecimento da população via produção local”.
A chamada Lei da Lactose, Nº 13.305 de 2016, também foi discutida no encontro. A norma obriga as indústrias a informar no rótulo da embalagem de produtos lácteos se eles contêm a lactose, caseína ou proteína do leite. “A lei pode inserir no mercado os consumidores que são intolerantes à lactose. É uma forma de diversificar o comércio e atender toda a população”, defendeu Rodrigo Alvim.
Mapa da Qualidade do Leite – Durante a reunião, a Clínica do Leite do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), lançou o “Mapa da Qualidade do Leite Produzido no Sudeste do Brasil”. O objetivo da publicação é contribuir com a construção de políticas públicas e programas de melhoramento da qualidade do leite. “O setor sempre demandou informações precisas sobre a situação atual do leite e sua evolução nos últimos anos. Trabalhamos de forma intensa para que pudéssemos ter um banco de dados sólidos e, a partir dele, gerar informações úteis para toda a cadeia”, explicou o gerente técnico e pesquisador da Clínica do Leite, Laerte Dagher Cassoli.
O Mapa é dividido em quatro edições sobre a Contagem de Células Somáticas (CCS) – indicador de sanidade da glândula mamária e da incidência de mastite nos rebanhos – composição do leite, contagem bacteriana e resíduos de antibióticos. O diagnóstico será composto por informações de indústrias de laticínios, que estão localizadas principalmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
O Mapa da Qualidade conta com o apoio da CNA. “A partir desse projeto, teremos dados estatísticos mais precisos e uma análise mais completa de toda cadeia produtiva do leite. A Confederação entra como parceira, por reconhecer a necessidade das indústrias, sindicatos, cooperativas de obter informações da produção”, disse o Superintendente Técnico da CNA, Bruno Lucchi.
Data da Publicação: 02/09/2016.
Fonte: Laticínio.net
http://www.laticinio.net/noticias/completa/18091_reconstituicao-do-leite-em-po-na-regiao-da-sudene-nao-traz-beneficios-ao-produtor-rural