Pressões teriam encerrado suspensão brasileira do leite uruguaio

09/11/2017
 |   

A reabertura do mercado brasileiro ao produto vizinho, dizem empresários e líderes do setor, tem contornos políticos, pressões econômicas e até mesmo lógica, dentro da visão de Mercosul. Além disso, sendo o Brasil o atual líder do Mercosul, uma decisão como esta afetaria a credibilidade do País no comando do bloco e poderia criar um constrangimento diplomático entre os dois presidentes.

 

A decisão tomada pelo ministro Blairo Maggi no dia 10 de outubro teria, para algumas fontes, desagradado ao presidente Michel Temer, que, na mesma semana, deu declarações amenizando o ato e dando a entender que logo o caso seria resolvido. Para outros, porém, poderia ter sido até uma forma rápida de angariar apoio da bancada ruralista antes das votações de interesse de Temer. A acelerada reversão da decisão também pode ter sido reflexo de pressões políticas especialmente de empresários e políticos do Sudeste brasileiro, avalia o presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil), Wlademir Dall'Bosco. A decisão já era esperada pelo empresário, mas não tão rapidamente.

 

"A suspensão poderia gerar represália do governo uruguaio às exportações brasileiras para lá, de produtos como carros, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Isso afetaria especialmente indústrias paulistas, e são os interesses paulistas que determinam os rumos do País, em detrimento aos interesses do Sul", diz o presidente da Apil. Outro problema, para Dall'Bosco, é que multinacionais do ramo de lácteos, inclusive com grandes unidades no Estado, se beneficiam da compra de produto barato do Uruguai e igualmente fariam pressão política e econômica para manter essas importações.

 

A linha de pensamento de Dall'Bosco se alinha com a do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva. Assim como o líder da Apil, Silva diz que a volta da importação de leite do Uruguai, por pressões comerciais, já era esperada. O representante da Fetag afirma que, dentro do governo Temer, o único que defendia a ideia da continuidade da suspensão era o ministro Maggi.

 

Secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Darlan Palharini afirma que a entidade aguarda maiores dados sobre o que a missão brasileira levantou de informações no Uruguai que desmontariam a alegação do Sindilat de que o país vizinho não estaria enviando ao Brasil leite de outros países. A suspensão se deu pela suspeita de que, sem cotas estipuladas para exportar o produto ao Brasil, ao contrário da Argentina, por exemplo, o Uruguai estivesse fazendo triangulação, o que configuraria quebra de acordo. "Nos chama a atenção a rapidez com que o governo investigou o caso", critica Palharini.

 

Os dados da missão técnica em Montevidéu já foram solicitados pelo secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo. "O Mercosul precisa ser revisto pelo governo brasileiro. Assim como o País facilita a compra de produto de fora, também deveria permitir que o agricultor brasileiro comprasse lá fora insumos e equipamentos mais baratos", defende.

 

A proposta se encontra em recente estudo divulgado pela Federação da Agricultora do Estado (Farsul), que mostra que comprar determinados insumos no Brasil pode ser 426% mais caro do que no Uruguai. A diferença se reflete em custo de produção maior e competitividade menor.

 

Data da Publicação: 09/11/2017

Fonte: MilkPoint

https://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/presso771es-teriam-encerrado-suspensa771o-brasileira-do-leite-uruguaio-108055n.aspx

 

Novo comentário:

Por favor, digite a sequência de caracteres da imagem acima para validar o envio do formulário.

Voltar