PRÁTICAS DE MANEJO ASSOCIADAS COM OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS ARREUS NO TANQUE

04/11/2016
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A mastite é atualmente a principal doença de rebanhos leiteiros e na maior parte das vezes as causas são de origem bacteriana. Dentro os principais agentes causadores, o grupo de Staphylococcus sp são os agentes etiológicos mais isolados em amostras de leite mastítico, sendo que o S. aureus é a espécie mais isolada em casos de mastite subclínica. A mastite causada por S. aureus caracteriza-se por baixa taxa de cura, devido aos mecanismos de virulência e à alta resistência aos antibióticos. As vacas infectadas atuam como fontes de infecção permanente e o S. aureus pode ser transmitido durante toda a lactação.

 

S. aureus encontra-se preferencialmente no úbere de vacas infectadas e consequentemente, o isolamento de S. aureus em amostras de tanque indica o status de infecção do rebanho, mas para a identificação das vacas positivas, recomenda-se a coleta individual por quartos mamários. Embora a coleta individual tenha maior precisão para indicar a prevalência deste agente causador de mastite no rebanho, este processo pode ser limitante pelo grande número de amostras a serem examinadas em consecutivas coletas, ter custos maiores e exigir um tempo maior de execução. A cultura de tanque tem sido utilizada para avaliar a qualidade do leite, bem como monitorar a ocorrência de patógenos contagiosos causadores da mastite. Estudos recentes no Canadá e EUA indicaram que a prevalência do S aureus em nível de rebanho variou de 43 a 74%, quando foi feita uma amostragem com de amostras de tanque.

 

Embora S. aureus seja isolado também no ambiente, como por exemplo em cama contaminada, a maior fonte de transmissão de S. aureus ainda é contagiosa, via equipamento de ordenha, mãos dos ordenhadores, uso de mesma toalha, no momento da ordenha. As práticas adequadas de manejo e higiene auxiliam o controle da mastite por S. aureus, como linha de ordenha, manutenção do equipamento de ordenha e uso de desinfetantes pré e pós ordenha.

 

Para estimar a prevalência do S. aureus em amostras de tanque, avaliar as práticas de manejo e características de rebanho associadas à presença deste patógeno, um estudo foi conduzido em 2750 rebanhos norte-americanos no ano passado. Foi realizado um questionário entre os produtores para pesquisar as características do rebanho e as práticas de manejo utilizadas, bem como avaliar os interesses e o nível educacional de cada um. Adicionalmente, amostras de tanque foram coletadas em 3 diferentes tempos com intervalos de 1 mês.

 

Ao final do estudo, 307 rebanhos foram incluídos no estudo e forneceram as amostras de tanque para cultura. A prevalência do S. aureus foi de 48% entre os rebanhos estudados quando foi considerada somente uma coleta de leite de tanque; 64% para duas coletas e quando foram consideradas as 3 coletas, o S. aureus foi positivo para 69% das amostras. Adicionalmente, o estudo demonstrou que a chance de detecção do S aureus nas amostras de tanque aumentam com o aumento da CCS do tanque. Em rebanhos com CCS maior do que 300.000 cels/mL a chance de detecção do S. aureus nas amostras de tanque foi 7 vezes maior do que em rebanhos com a CCS menor do que 150.000 cels/mL. Ainda, essa probabilidade de detecção diminuiu em 2 vezes naqueles rebanhos que indicaram fazer ao menos 4 das práticas de ordenha recomendadas (limpeza dos tetos, pré e pós dipping e o uso de uma tolha por teto).

 

O estudo evidenciou que os produtores estão cientes da importância dessas práticas de ordenha na prevenção e controle da mastite, entretanto a implementação destas práticas depende da habilidade do produtor em motivar os seus funcionários. Do total de questionários obtidos, 37% nunca realizou cultura microbiológica de mastite clínica, 51% realizava ocasionalmente e 12% realizava cultura de todos os casos ou somente para casos crônicos. De acordo com a CCS, 62% dos rebanhos tinham uma média de 300.000 cels/mL durante 3 meses anteriormente à pesquisa, sendo que nos rebanhos maiores do que 200 vacas a CCS do tanque era menor do que em rebanhos pequenos.

 

Com relação às características do rebanho, o aumento da chance de detecção de S. aureus foi maior naqueles com livre acesso ao pasto e naqueles que não utilizavam somente areia como cama. Além disso, rebanhos abertos que não realizavam quarentena após a compra de animais tiveram maior frequência do S. aureus na cultura de tanque quando comparados aos rebanhos que utilizavam a quarentena.

 

Os resultados mostraram que o exame microbiológico do leite de tanque pode ser empregado desde que as coletas sejam coletadas adequadamente em intervalos de tempos conhecidos, com pelo menos três coletas consecutivas e identificação rápida e precisa dos agentes etiológicos, especialmente em relação ao S. aureus. Embora a cultura do tanque ofereça vantagens é importante salientar que ele não substitui a cultura por quartos mamários individuais no diagnóstico das infecções intramamárias e a ausência de resultado pode não oferecer a garantia da ausência do patógeno no rebanho. Ainda assim, pode ser útil para auxiliar programas de monitoramento da mastite.

 

Data da Publicação: 04/11/2016.

Fonte: MilkPoint

http://www.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_praticas_de_manejo_associadas_com_ocorrencia_de_staphylococcus_aureus_no_tanque_mastite_leite_tanque_saureus_exame_6083.aspx

 

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