PESQUISA DESAFIOS 2017: CUSTO DE PRODUÇÃO, O ETERNO VILÃO?

02/02/2017
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Desde o final de 2011, o MilkPoint pergunta aos seus leitores qual é o maior desafio para a produção leiteira no próximo ano. A pesquisa é baseada em um trabalho realizado anualmente pela entidade Australian Dairy Farmers, que avalia a percepção dos produtores australianos a respeito dos principais desafios da atividade. A intenção é realizá-la anualmente e avaliar as mudanças ao longo do tempo.

 

A pesquisa do MilkPoint deste ano foi realizada em janeiro, colhendo respostas de todas as regiões do Brasil, com a participação de produtores de leite, profissionais da área industrial, consultores, médicos veterinários, zootecnistas e outros agentes atuantes no setor, oferecendo uma fotografia da percepção a respeito do que se espera do setor neste ano de 2017. Por julgar importante, neste ano a Equipe MilkPoint adicionou um novo tópico na pesquisa: “consumo/baixo crescimento econômico”.

 

Em 2017, com 40% dos votos, o custo de produção foi apontado como o fator de maior preocupação para o setor lácteo. Em todas as pesquisas anteriores, esse item também foi o mais apontado pelos participantes. Pressionando as margens, em 2016, o concentrado foi o item da dieta que mais se valorizou devido a menor oferta de grãos. Já para 2017, a perspectiva é que os preços mais baixos do milho e da soja estimulem o investimento pelos pecuaristas. O menor custo dos grãos também deve permitir uma "recomposição de margens" pelos produtores.

 

Na pesquisa anterior, a opção importações de produtos lácteos não havia recebido nenhum voto. Neste ano, ficou com 7,1% (em 5º lugar) já que no ano passado, as importações brasileiras cresceram 72,7% em equivalente leite comparado a 2015, se tornando uma ameaça para o setor na visão de alguns produtores de leite. A tendência é que as importações de lácteos percam força e uma das principais razões é que os preços internacionais devem desestimular as compras no exterior este ano. Assim como 2016, a opção adequação ambiental não teve nenhum voto.

 

O preço do leite ficou em segundo lugar, com 17% dos votos, exatamente a mesma porcentagem que na pesquisa antecedente. As baixas margens de 2015 influenciaram a produção nas principais bacias, reduzindo a oferta e aquecendo os preços ao produtor em boa parte do ano. Os estoques das indústrias diminuíram e impulsionaram valores a patamares recordes, fato que também estimulou as importações. A partir de agosto, houve queda nos preços ao produtor impulsionada pelo menor consumo dos produtos lácteos (resultado dos preços elevados ao consumidor) e também, das já citadas importações.

 

A nova opção proposta pelo MilkPoint neste ano – “consumo e baixo crescimento econômico” foi o item de maior preocupação para 14,3% dos participantes (3º lugar). A perda de confiança na classe política, o desemprego e a queda na renda dos consumidores comprometeu as projeções futuras, além de influenciar o consumo dos lácteos e a demanda doméstica. Clima, mão de obra, adequação da qualidade do leite e outros itens receberam 8,9%, 5,4%, 1,8% e 5,4%, respectivamente.

 

Gráfico 1: Qual será o maior desafio para a produção leiteira em 2017? Fonte: MilkPoint.

desafios para o setor lácteo em 2017 

 

Para entendermos a dinâmica do mercado e as expectativas para 2017, vale analisarmos detalhadamente o histórico e como a pesquisa repercutiu nos anos anteriores. O gráfico abaixo contribui na elucidação de alguns pontos, pois mostra a variação das respostas a partir dos “Desafios de 2012”.

 

Gráfico 2: Comparação “Desafios de 2012 a 2017”. Fonte: MilkPoint.

desafios para o setor lácteo em 2017 

 

A tabela abaixo apresenta as respostas agrupadas dos produtores de leite pelos seus respectivos perfis de produção.

 

Tabela 1: Respostas dos produtores por estrato produtivo. Fonte: MilkPoint.

desafios para o setor lácteo em 2017 

 

Pela tabela, é possível notar que a preocupação com o preço do leite afeta atualmente todos os estratos produtivos, diferente das pesquisas anteriores, quando esse item era citado majoritariamente por produtores de menor escala (até 1000 litros/dia). Estes últimos, também se mostraram mais preocupados com o clima e com a adequação da qualidade do leite quando comparados às outras classes.

 

Quanto maior a produção de leite por dia, maior a preocupação com as importações dos produtos lácteos. O consumo e o baixo crescimento econômico foram citados por todas as classes produtivas, assim como, os custos de produção.

 

Participaram da pesquisa deste ano 112 pessoas, originárias de 13 estados do Brasil.

 

Data da Publicação: 02/02/2017.

Fonte: MikPoint

https://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/pesquisa-desafios-2017-custo-de-producao-o-eterno-vilao-103881n.aspx

 

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