Pecuaristas de leite investem em planejamento e aumentam os lucros

15/06/2015
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O Brasil tem mais de um milhão de produtores de leite. Todos enfrentam um mesmo desafio: aumentar o lucro, diminuindo os custos. O sucesso do produtor depende cada vez mais de uma boa gestão e de tecnologia.

 

Josimar Fernandes, de 28 anos, chegou a trabalhar na cidade numa fábrica de tecidos, mas voltou para roça e disposto a mudar a produção de leite da família. O sítio de 23 hectares em Juiz de Fora, Zona da Mata de Minas Gerais.

“A produção era de 15 litros por dia, de 15 a 20 litros por dia, tirava leite uma vez só e nada mais do que isso”, fala Josimar.

 

O salto na produção veio quando ele foi buscar assistência técnica. Há quatro anos, Josimar começou a trabalhar com inseminação artificial para melhorar a genética dos animais e investiu no pastejo rotacionado. Quando chove bem, não falta o capim verdinho. Para época de seca, a ração no cocho complementa a alimentação do rebanho de 23 vacas. Dezenove em lactação.

 

A mudança de manejo que o Josimar se reflete na ordenha. Hoje ele consegue 380 litros de leite por dia, 20 litros por animal. Bem diferente dos quatro ou cinco litros que as vacas produziam quando ele assumiu o sítio. A ordenha, agora mecanizada e duas vezes ao dia, foi outra melhoria que o Josimar conseguiu implantar. “Tecnologia sem medo, sem dúvida, foi o mais ajudou”, afirma Josimar.

 

O agrônomo Frederico Carvalho orienta e controla todos os custos da produção. Está tudo no papel. Os resultados, comparando o que foi investido com o que o Josimar tirou de lucro, são surpreendentes. “O Josimar hoje tem um retorno de 47% se considerarmos apenas os custos de produção do leite”.

 

Desempenhos como o do Josimar chamam atenção da Embrapa Gado de Leite. Os técnicos acompanham os custos de produção de cooperados que atendem laticínios de Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul e pelos resultados desse trabalho, produzir leite no último ano rendeu bem mais do que muitas aplicações financeiras.

 

Em 2014, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou com resultado negativo de quase 3%. Quem aplicou em poupança teve rendimento de 7% no acumulado do ano passado. Já o dólar valorizou pouco mais de 13%, e o ouro 14%. Já entre os produtores de leite pesquisados pela Embrapa, teve gente que conseguiu quase 24% de retorno sobre o capital investido.

 

Para o diretor da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo, o resultado dessa pesquisa não pode servir de base para toda a cadeia produtiva do leite, mas pode ensinar muita coisa para quem ainda patina no negócio.

“Quando a gente afirma que tem produtor que está ganhando o dobro de dólar e ouro, não significa dizer que todos os produtores do Brasil ganharam muito dinheiro, ao contrário, boa parte dos produtores que perdem dinheiro está relacionado à falta de gestão”, fala.

 

O segredo para se conseguir um bom resultado, segundo o diretor da Embrapa é um só: planejamento.

“É ver o leite como uma atividade que tem que ser administrada e intensivamente administrada. Quem leva em consideração as tecnologias e leva em consideração, sem dúvida alguma, as variáveis econômicas, o que entra e o que sai, acaba ganhando dinheiro no leite”, avisa Paulo.

 

Enxergar a produção como um negócio também foi o que fez do casal Vivian e Wagner Canabrava. Eles têm quatro funcionários para cuidar de um rebanho de 212 vacas, entre recrias e de leite, em um sítio em Juiz de Fora, Minas Gerais. As 90 que estão em lactação produzem dois mil litros de leite por dia. Em 2012, cada vaca produzia 15 litros/dia. Hoje, esse número chega a 22 litros.

“Investimos em genética, alimentação de qualidade, mão de obra mais qualificada”, conta Viviane.

 

No último mês, eles tiraram R$ 1,10 pelo litro do leite, dez centavos a menos do que na mesma época do ano passado.

 

A comida para as vacas representa 50% do custo de produção da fazenda. Para continuar mantendo os lucros, os donos estão investindo em tecnologia e já conseguiram reduzir custos.

 

Uma máquina foi comprada em 2014 através de financiamento que vai ser pago em sete anos. Ela faz a mistura de todos os ingredientes da silagem e despeja no cocho na medida certa para cada lote do rebanho. A partir deste investimento, a produção de leite cresceu 15%, além da redução com a mão de obra.

 

Genética, manejo, contas na ponta do lápis. É um conjunto de práticas. Com tudo sob controle, a hora da ordenha é só alegria para Vivian.

“Pra gente que é produtor, aquilo é uma realização, aquele coletorzinho cheio de leite, você acredita que é um frutinho que você está colhendo”, conta Viviane.

 

O Cepea (Centro de Estudos de Economia Aplicada da Esalq e USP) divulgou novos dados do leite essa semana. A média-Brasil do litro pago ao produtor em abril foi de R$ 0,89. É o segundo mês seguido de alta e essa tendência de alta deve continuar por causa da entressafra.

 

Data da Pubicação: 15/06/15

Fonte: Globo / G1

 

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