MP INVESTIGA ADIÇÃO DE AMIDO DE MILHO E LEITE IMPRÓPRIO EM QUEIJO

17/06/2015
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O Ministério Público deflagrou nesta terça-feira (16) a primeira edição da Operação Queijo Compensado no Rio Grande do Sul. A ação ocorre simultaneamente nas cidades de Três de Maio, na Região Noroeste, e em Ivoti, no Vale do Sinos. Conversas telefônicas entre os suspeitos foram interceptadas e comprovam adulteração em queijo produzido de forma ilegal e distribuído em cidades gaúchas, segundo o órgão.

 

São cumpridos três mandados de prisão preventiva - dois em Ivoti e um em Três de Maio -, dois mandados de medidas alternativas à prisão e mais seis mandados de busca e apreensão, três em cada município. Ao menos três pessoas foram detidas. Documentos também foram apreendidos e serão analisados.

 

 

Conforme o MP, a empresa de processamento Laticínios Progresso Ltda, com sede em Três de Maio e Ivoti, é suspeita de acrescentar amido de milho no queijo, que, segundo MP, engrossa e dá consistência ao produto derivado do leite. No entanto, ao final do processo, deixa o queijo esfarelado e com forte odor, até mofar.

 

A mesma empresa, segundo o MP, recebia leite rejeitado pelas indústrias por estar vencido ou fora de qualidade, ou seja, o produto não deveria ser utilizado na fabricação do queijo. Foram presos preventivamente os sócios Eduardo André Ribeiro e Volnei Fritsch, e o filho dele Pedro Felipe Fritsch.

 

A investigação sobre a fraude no queijo foi conduzida pelo promotor Mauro Rochenback, o mesmo responsável pelas oito etapas da Operação Leite Compensado, que flagrou um esquema de adulteração na bebida com a adição de substâncias que não fazem parte de sua composição. Segundo ele, a fabricação de queijo com amido de milho serve para mascarar a colocação de menos leite do que o exigido pelas normas da indústria do setor.

 

Ainda segundo o MP, os proprietários da empresa estariam fraudando notas fiscais, já que, conforme o órgão, eles possuem um programa para confeccionar notas falsas. A suspeita é que ocorra sonegação de impostos, já que a Laticínios Progresso, segundo as investigações, tem lucro mensal de R$ 1 milhão, mas declara ao fisco apenas R$ 50 mil.

 

São investigados também o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente do Município de Três de Maio, Valdir Ortiz, o fiscal do Serviço de Inspeção Municipal de Estância Velha, Roberto Nardi e o motorista da empresa Arnildo Roesler. Contra eles, há três mandados de medidas alternativas à prisão.

 

MP pede afastamento de secretário municipal e fiscal

Após a ação, o MP pediu o afastamento do Secretário Municipal da Agricultura e Meio Ambiente de Três de Maio, Valdir Ortiz, e do fiscal municipal de Estância Velha por facilitarem a atividade do grupo. As investigações apontam que os dois investigados possuem relação de amizade com os sócios da empresa. Segundo o MP, eles tinham conhecimento da atividade criminosa.

 

Ortiz é o encarregado de intermediar na Prefeitura de Três de Maio os trâmites para facilitar o repasse de verbas e recursos do Fundopem para a empresa. Já o fiscal Roberto Nardi auxilia no processo para obtenção do selo da Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Cispoa), o que possibilita a venda do produto dentro do Rio Grande do Sul. O queijo era vendido principalmente na região de Ivoti. Apesar disso, o laticínio possui somente o selo SIM (Serviço de Inspeção Municipal), que apenas liberaria o comércio de produtos dentro de Três de Maio, regra que é desrespeitada.

 

Segundo o MP, eles terão que comparecer à Justiça a cada dois meses para informar e justificar atividades e estão proibidos de acessar ou frequentar sede e o depósito da empresa. O mandado de medida alternativa à prisão consiste ainda na proibição de os investigados ausentarem-se da Comarca por mais de oito dias e na suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais.

 

Leite Compensado

Antes da Operação Queijo Compensado, o Ministério Público desvendou um esquema de fraude no leite. A primeira fase da Operação Leite Compensado foi desencadeada em 8 de maio de 2013, quando investigações apontaram para um esquema que adulterou cerca de 100 milhões de litros do produto no estado.

 

Na ocasião, o MP revelou que transportadores estavam adicionando água e ureia (que contém formol) ao leite cru para aumentar o volume e disfarçar a perda nutricional no caminho entre a propriedade rural e a indústria. O esquema era realizado em postos de resfriamento.

 

Nas etapas seguintes, as investigações verificaram alteração na densidade do leite, por adição de produtos como sal, açúcar ou amido de milho, acidez elevada, que indica a deterioração por micro-organismos, além de adição de soro de leite.

 

Data da Publicação: 17/06/15

Fonte: Laticinio net

 

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