Leite adulterado em SC foi fornecido a grandes marcas nacionais
Nestlé, Danone e Mococa estão entre as empresas que teriam comprado produto de fornecedores identificados
Na última terça-feira (19), vinte pessoas foram presas suspeitas de participarem de um esquema de adulteração de leite. O caso aconteceu em Santa Catarina e contou com uma ação conjunta do Ministério Público Estadual, Polícia Civil, Militar e Ministério de Agricultura. As prisões aconteceram na região oeste do estado, nas cidades de Lajeado Grande, Ponte Serrada e Mondaí.
Também aconteceram prisões em Vista Alegre, no Rio Grande do Sul. As investigações apontaram o uso de soda cáustica e água oxigenada no leite que estava sendo comercializados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo por empresas fornecedoras da Danone, Mococa e Nestlé, outras marcas que ainda passarão por uma perícia.
Cada uma chegou a vender mais de 70 mil litros de leite adulterado. O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), responsável pelas operações Leite Adulterado I e II afirma ter conseguido imagens de funcionários adicionando os produtos químicos em caminhões.
De acordo com o Ministério Público, as empresas estariam adulterando o produto ao acrescentar água, para ganhar volume, e formol (ureia) e soda cáustica com o objetivo de estabilizar o leite, evitando que estragasse. Essas substâncias, além de tornarem o produto nocivo à saúde, também influenciam na redução do seu valor nutricional.
Também é importante destacar que o formol é considerado cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC), desde 2004.
De acordo com nota enviada ao Jornal da Band, a Nestlé afirmou que o leite "passa por rigorosas análises nos postos de coleta de leite e, quando alguma irregularidade é encontrada, o produto é rejeitado e devolvido". Já a Mococa informou que ainda não havia sido informada sobre o problema e que conta com um responsável técnico para analisar o leite dos fornecedores. A Danone, por sua vez, declarou que adota medidas preventivas contra fraudes de forma sistemática e que já interrompeu a compra do leite do fornecedor denunciado.
Atualização
Em nota enviada ao Administradores.com, a Nestlé reafirmou que utiliza processos que impedem a utilização de quaisquer matérias-primas que não atendam aos padrões de qualidade e segurança da empresa. Além disso, segundo a Nestlé, o volume de leite apontado nas investigações como adulterado correspondia a um volume "extremamente baixo" em relação ao total adquirido pela empresa no Brasil e que os acusados não são mais fornecedores da companhia. Confira abaixo a nota.
NOTA
A Nestlé informa que garante a qualidade de todos os produtos que fabrica e isso é possível por meio de um rigoroso controle de qualidade aplicado a todas as matérias-primas utilizadas na fabricação destes produtos. Essa garantia de qualidade faz parte do dia a dia da companhia, que reforça seu compromisso e respeito com seus consumidores, clientes, fornecedores e público em geral.
Em relação ao leite fresco que adquire, a Nestlé vale-se de rigorosas análises laboratoriais, que realiza diretamente nos seus postos de coleta de leite. Nossos processos impedem a utilização, em nossas fábricas, de qualquer matéria-prima que não atenda aos mais altos padrões de qualidade.
Assim, como é de conhecimento dos nossos fornecedores, qualquer irregularidade na matéria-prima fornecida acarreta a sua imediata rejeição e consequente devolução por parte da Nestlé. Desta forma, a Nestlé assegura que todos os ingredientes utilizados na fabricação de seus produtos possuem o mais alto nível de qualidade.
Fonte: Zero Hora
Publicada em sábado, 23 de agosto de 2014