Governo anuncia R$ 187 bilhões para Plano Safra

08/06/2015
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O plano de safra da agricultura foi lançado essa semana pelo governo. O volume de recursos cresceu 20% em relação ao ano passado. Apesar desse aumento, o plano traz alguns problemas, como o aumento dos juros. Para uns, juro mais alto é inevitável neste momento difícil da economia. Para outros, pode ser um tiro no pé, porque justamente nesse momento, a agricultura está mostrando um ótimo desempenho. Por isso, poderia receber mais incentivo.

 

Os recursos do novo Plano Safra são de R$ 187,7 bilhões. Desse total, R$ 149,5 bilhões se destinam a financiamentos de custeio e comercialização. O restante, R$ 38,2 bilhões, são para investimentos como máquinas, equipamentos e armazéns. “Estamos ampliando em 20% os recursos de crédito para financiar a próxima safra”, disse a presidente Dilma Rousseff.

“O Plano Safra mostra que o ajuste econômico não se dá apenas com cortes, se dá também com investimentos”, declara Kátia Abreu, ministra de Agricultura.

 

O limite de financiamento de custeio por produtor ficou em R$ 1,2 milhão. Isto é 8% a mais do que no ano passado. O limite para comercialização passou para R$ 2,4 milhões, uma alta também 8%. Quanto aos investimentos, o limite por produtor foi mantido em R$ 385 mil.

 

A taxa média de juros do Plano Safra ficou em 8,75% ao ano. Este valor é quase 35% maior do que no ano passado. O setor produtivo não reclamou. “Podemos considerar que é o melhor que se podia fazer dentro da atual conjuntura. Com a inflação batendo onde está batendo, com as taxas de juros da Selic muito acima disso, eu considero extremamente razoável uma taxa de juros de 8, 75”, diz Márcio Freitas, presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).

 

“Nós não vamos dizer que é insignificante, nem que não vai ter um peso importante no custo de produção. Mas com certeza é muito melhor nós termos um juro maior e termos recursos pra financiar o Plano Safra de que não ter recurso”, afirma João Martins, presidente da Confederação da Agricultura.

 

O Plano Safra entra em vigor oficialmente no dia primeiro de julho. O setor agrícola pergunta: quando o dinheiro vai chegar ao campo? Segundo a Associação dos Produtores de Soja do Brasil, nos anos anteriores o governo havia antecipado parte do dinheiro.

“A divulgação houve por parte do governo, de instituições, que ia ter R$ 9 bilhões em março, abril e maio e esse dinheiro não chegou. Então é importante frisar mais uma vez que esse Plano Safra saia do palanque, dos holofotes e chegue nas instituições financeiras pra financiar a safra brasileira que tá começando a acontecer”, explica Almir Dalpasquale, presidente da Aprosoja Brasil.

 

Apesar do volume total destinado ao setor ter aumentado 20% em relação ao ano passado, os recursos para investimento tiveram uma queda de 13%.

 

Críticas

No campo, o novo plano recebeu críticas. Os produtores esperavam mais, principalmente agora que o setor está sentindo o peso da inflação e do aumento do preço dos insumos, por causa da alta do dólar. Uma das reclamações é sobre o valor que foi destinado para o custeio da lavoura.

 

Do valor anunciado, somente R$ 94,5 bilhões são de custeio a juros controlados, aquele mantido pelo governo a uma taxa mais baixa. Se comparado ao Plano Safra anterior, esse recurso aumentou 7,5%.

 

Na Cooperativa de Cascavel, no oeste do Paraná, pelo menos 90% dos cooperados recorrem aos programas de financiamento na hora da produção. O presidente da Coopavel Dilvo Grolli encara o plano com restrições. “R$ 53 bilhões o produtor tem que ir no banco, negociar no banco com uma taxa de juros que o banco irá cobrar, que não será pequena.”

 

O analista de mercado Camillo Motter também acha que o plano ficou aquém das expectativas. “Haveria uma possibilidade num setor tão pujante quanto a economia manter um pouco os juros mais controlados e um volume um pouco maior de recursos. E outro ponto importante é a liberação em tempo hábil. Pré-custeio, por exemplo, há relatos de que não houve liberação”

 

As novas taxas de juros, que variam entre 7% a 10%, também assustaram os agricultores. O produtor que for atrás de financiamento hoje vai pagar em média 35% a mais de juros. Quem esperava uma ajuda para manter a competitividade se decepcionou.

 

Durante o inverno o agricultor Alceu Magrin investe no milho safrinha e no trigo, mas já está se preparando para plantar mais de 1,3 mil hectares de soja em setembro. Com as novas taxas de juros, ele está na dúvida se vai recorrer ao financiamento do governo. “Se nós tivermos que correr atrás de juros livres que se falam no mercado, na ordem de 15% a 23%, nós vamos ter um custeio agrícola não na ordem de 8,75 e sim vamos elevar para, no mínimo, 13%, 14%. Vai começar a ficar inviável a agricultura.”

 

Data da Publicação: 07/06/15

Fonte: Globo Rural

http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2015/06/governo-anuncia-r-187-bilhoes-para-plano-safra.html

 

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