FRETE TABELADO VAI ELEVAR PREÇO DOS ALIMENTOS, DIZEM ASSOCIAÇÕES
O tabelamento do frete rodoviário instituído pelo governo brasileiro para atender caminhoneiros após a histórica paralisação de maio já está impactando os preços dos alimentos, que ficarão ainda mais caros, caso a medida não seja revista, afirmaram associações do setor do agronegócio e de transporte em nota.
Aqueles que precisam contratar frete estão impedidos de negociar preços, o que eleva custos de toda a cadeia produtiva, dos fertilizante, grãos e carnes, na medida em que os insumos ficam mais caros, segundo nota publicada pela Abiove, Acebra, Anec, Anut e Aprosoja.
As associações ainda alertam para o risco de redução da produção de alimentos nas áreas mais distantes dos grandes centros, o que terá um efeito também sofre a oferta e nas cotações dos produtos. “Outros produtos também ficarão mais caros, como a gasolina e o diesel. O aumento dos preços dos combustíveis impactará os custos de produtos... Ou seja, teremos mais inflação”, afirmaram as entidades, que dizem que “empregos” serão perdidos.
O Congresso aprovou no início do mês medida provisória assinada pelo presidente Michel Temer que cria política de preços mínimos para frete rodoviário. Para virar lei, a medida precisa de sanção de Temer.
As entidades lembram que o “Brasil já teve experiências trágicas com controle de preços e da livre competição pelo governo”, e destacaram que o Executivo e o Legislativo fracassaram em evitar que o país recaísse nessas mesmas práticas. “Cabe agora ao Judiciário evitar esse retrocesso”, pedem.
O caso está em debate no Supremo Tribunal Federal. O ministro Luiz Fux deverá retomar a discussão do assunto em meados de agosto. Associações da indústria, como a CNI, entraram com ação na Justiça pedindo a inconstitucionalidade da tabela.
Alta do frete preocupa laticínios gaúchos
Os laticínios gaúchos estão preocupados com o reflexo que a nova tabela de frete trará ao preço do leite ao consumidor e seu impacto sobre a inflação no Brasil. O assunto foi alvo de reunião de indústrias associadas ao Sindilat na tarde desta terça-feira (24/7), em Porto Alegre (RS). Segundo o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, a tabela ora divulgada mexe sensivelmente nos custos da produção e distribuição do leite no Rio Grande do Sul, com elevação que oscila entre 20% e 100% no preço do frete de acordo com a região do Estado.
“O setor do leite trabalha exclusivamente com transporte rodoviário e não tem alternativa. Desta forma, o impacto será mais expressivo no produto”, pontua. O dirigente defende a livre negociação entre os players do mercado brasileiro. “Não existe hoje espaço para a adoção de tabelas de valores mínimos. Este custo quem irá pagar é o consumidor”, ressaltou. A expectativa, alerta ele, é que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare a medida inconstitucional.
Para driblar a elevação nos custos de frete, algumas empresas do setor estudam absorver a atividade de transporte ou, ao menos, parte dela. O grande dilema está na distribuição do produto acabado, uma vez que exige maior capilaridade. “A captação do leite no campo já é realizada por algumas empresas”, informa. O risco, alerta o presidente do Sindilat, é que o encarecimento do frete acabe resultando na revisão de algumas rotas de coleta de leite o que, em último caso, acarretaria em abandono de áreas de pouco volume. “A indústria não quer excluir nenhum produtor, mas a elevação do frete pode tornar algumas operações inviáveis tanto no que se refere à captação quanto à comercialização”, completou Guerra. Além disso, o dirigente ainda prevê o efeito cascata da alta do frente nos insumos do setor lácteo.
Data da Publicação; 26/07/2018.
Fonte: MilkPoint
https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/frete-tabelado-vai-elevar-preco-dos-alimentos-dizem-associacoes-209368/