Feromônio é usado no combate ao percevejo

12/08/2016
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A soja e o arroz são culturas agrícolas de extrema importância para o agronegócio brasileiro. O país é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos, e está entre os dez principais produtores mundiais de arroz, sendo o maior fora do continente Asiático. Entretanto, apesar do cenário favorável, os produtores brasileiros ainda sofrem com o ataque de pragas às lavouras nacionais, que os levam a desembolsar mais de 100 milhões de dólares com inseticidas químicos por safra para controlá-las.

 

A boa notícia é que a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Brasília, DF, desenvolveu uma tecnologia que pode auxiliar produtores de soja e de arroz no combate a um dos piores inimigos dessas culturas no país: os percevejos. Trata-se da utilização de semioquímicos (feromônios) para monitorar e controlar esses insetos nas lavouras, reduzindo o uso de defensivos químicos.

 

Funcionamento

 

- A tecnologia se baseia na utilização de feromônios (substâncias que os insetos utilizam na sua comunicação com os outros insetos da mesma espécie) para monitorá-los e controlá-los nas diferentes lavouras. Trata-se de um método racional e seguro, com grande potencial de utilização em programas de manejo integrado de pragas porque pode reduzir significativamente e, até mesmo, eliminar a utilização de defensivos químicos nas lavouras.

 

Os inseticidas além de ineficientes para controlar os percevejos, causam resistência nos insetos, são nocivos a quem os aplica, eliminam insetos benéficos, como as abelhas e inimigos naturais, e, no caso do arroz irrigado pode contaminar a água de rios e mananciais.

 

A "chave" para chegar até à tecnologia de semioquímicos está na própria natureza. Os cientistas observaram que os insetos utilizam substâncias químicas para "avisar" aos outros insetos sobre demarcação de território, alimentação, risco de predadores, reprodução, entre outros. Quando essa comunicação ocorre dentro da mesma espécie, o composto químico é chamado de feromônio. É como a linguagem humana, só que com feromônios no lugar das palavras.

 

De posse desse conhecimento, a equipe liderada pelo pesquisador Miguel Borges começou a extrair feromônios em laboratório para depois colocá-los em armadilhas a serem distribuídas nas lavouras. "No caso dos percevejos, trabalhamos principalmente, com os feromônios sexuais produzidos pelos machos", conta o cientista.

 

Após a identificação, o feromônio natural produzido pelo inseto é sintetizado em laboratório e formulado em liberadores (pequenos dispositivos (pastilhas), que são impregnados pelo feromônio. Por fim, são colocados em armadilhas no campo para a captura e monitoramento das fêmeas.

 

As armadilhas com os feromônios são distribuídas nas lavouras com o objetivo de enganar os insetos. Ao identificar o cheiro dos machos, as fêmeas são atraídas e capturadas na armadilha. O intuito final é monitorar e controlar as populações dos percevejos-praga e, consequentemente, reduzir os danos às plantações.

 

Inserção no mercado

 

- A eficácia da tecnologia de utilização de feromônios no controle do complexo de percevejos da soja despertou o interesse da empresa privada ISCA Tecnologias.

 

Com sede em Ijuí, RS, a empresa possui um grupo de pesquisa e desenvolvimento com capacidade de síntese, produção e formulação de feromônios, prototipação de armadilhas e desenvolvimento de metodologias de manejo integrado de pragas.

 

O objetivo final da parceria é disponibilizar ao setor produtivo da soja metodologias de monitoramento dos percevejos da soja utilizando armadilhas iscadas com feromônios que auxiliem os produtores a adotarem técnicas de manejo que aumentem a eficiência do controle.

 

Os semioquímicos ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os inseticidas bacterianos e botânicos. No Brasil, o mercado de semioquímicos está em franca expansão, com mais de 15 produtos registrados e outros em fase de registro.

 

Data da Publicação: 12/08/2016

Fonte: PortalDBO

http://www.portaldbo.com.br/Agro-DBO/Noticias/Feromonio-e-usado-no-combate-ao-percevejo/17622

 

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