Fábricas da Leite Nilza são colocadas a leilão em Ribeirão Preto e MG

09/10/2014
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Após ter a falência decretada por uma dívida estimada em R$ 500 milhões, a Indústria de Alimentos Nilza terá suas três principais unidades leiloadas pela Justiça no próximo dia 7 de novembro, em Ribeirão Preto (SP). A informação é do administrador judicial da empresa, o advogado Alexandre Borges Leite, explicando que também será colocada no leilão a marca Leite Nilza, que já foi uma das líderes no mercado de laticínios brasileiro com produção de 1 milhão de litros por dia. Juntos, os bens estão avaliados R$ 117 milhões.

 

“O futuro comprador vai poder usar a licença da Nilza, a marca Leite Nilza, sem carregar com isso qualquer sucessão tributária ou trabalhista. Não só a marca, como as indústrias, não são contaminadas pelas dívidas da falida empresa”, explica o administrador. A companhia possui uma fábrica em Ribeirão e outras duas em Campo Belo (MG) e Itamonte (MG). As três estão no leilão e podem ser adquiridas juntas ou separadamente.

 

Atualmente, a dívida da Nilza está estimada em R$ 500 milhões. Cerca de 3,3 mil fornecedores devem receber em torno de R$ 232 milhões e pelo menos 1.186 ex-funcionários não tiveram os direitos trabalhistas pagos - débito calculado em R$ 13,8 milhões. Além disso, há ainda R$ 141 milhões como garantia real e R$ 20 milhões em crédito extraconcursal.

 

“Vai ser considerada vencedora, a proposta que melhor remunerar ou desonerar a massa falida e, consequentemente, seus credores. Também será possível realizar proposta em consórcio, ou seja, investidor imobiliário e investidor industrial podem fazer a proposta em conjunto”, diz o advogado. Os interessados devem entregar as propostas no Fórum de Ribeirão até 31 de outubro. Maquinário de laticínio em Ribeirão continua recebendo manutenção

 

O administrador destava ainda que, antes de a aquisição ser deferida, a Justiça consultará os dados dos proponentes para saber a idoneidade das propostas e a origem dos recursos. Isso porque, segundo Borges Leite, a empresa tem condições de voltar a funcionar. “A manutenção das fábricas está em dia. A empresa está apta a funcionar porque todas as licenças estão atualizadas. Uma vez vendida, a gente acredita que pode começar a operar em curto prazo. A expectativa é de 500 empregos com carteira assinada diretamente.”

 

Um segundo leilão da Leite Nilza, ainda sem data prevista para acontecer, disponibilizará terrenos da empresa em Alfenas (MG) e Quartel Geral (MG), além de veículos. Os bens são avaliados em R$ 3,5 milhões.

 

Histórico

A Indústria de Alimentos Nilza surgiu em 2004 da organização de sete cooperativas. Dois anos depois, ela foi comprada por Adhemar de Barros Neto, que iniciou um plano de expansão. Em 2008, a indústria comprou as unidades de Itamonte e Campo Belo da Montelac Alimentos S.A, passando a processar 1,5 milhão de litros de leite por dia em suas três unidades, que contavam com mil profissionais. Laticínio Leite Nilza teve falência decretada em 2012. Frota da empresa será leiloada posteriormente, junto com terrenos em MG

 

No mesmo ano das aquisições, no entanto, veio a crise no setor leiteiro brasileiro e a dificuldade de obtenção de créditos bancários com os problemas financeiros no setor imobiliário dos Estados Unidos. Para rodar o seu passivo, a empresa pegou empréstimos com factorings e teve sua dívida aumentada. Em março de 2009, as contas do vermelho fizeram a indústria entrar com o pedido de recuperação judicial.

 

No mesmo ano, o proprietário da Airex, Sérgio Alembert, entrou como dono da Nilza e foram feitas as primeiras demissões: 330 em Ribeirão e 220 em Itamonte. Em janeiro de 2011, o juiz da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto decretou a falência da empresa após constatar uma série de fraudes no processo de recuperação judicial e na negociação de venda da companhia para a empresa Airex, que aparecia em seus registros com sede em Manaus (AM), o que também chegou a ser investigado.

 

Cinco meses depois, a decisão de falência foi revogada e 40 funcionários foram recontratados para trabalhar na Nilza. Foram feitos testes no laticínio, mas a produção comercial não chegou a acontecer. Então, em outubro de 2012, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decretou a segunda falência, que dura até hoje.

 

Fonte: G1 Ribeirão e Franca

 

Publicada em quarta-feira, 8 de outubro de 2014

 

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