CONSUMO DE LONGA VIDA 'DESAFIA' ALTA DOS PREÇOS
De acordo com Cesar Helou, presidente ABLV, o consumo de longa vida no Brasil vem crescendo graças ao avanço do produto sobre outras categorias, como o leite pasteurizado e o informal. Isso já aconteceu em 2015 e está ocorrendo também neste ano. Ele considera, de todo modo, que a crise econômica no país não fez com que o consumidor deixasse de tomar leite. "Por mais que exista uma crise, o consumidor não para de beber leite. Ele troca para uma marca mais barata, mas continua a consumir".
Ao mesmo tempo em que o consumo de leite longa vida deve crescer de forma modesta, abaixo dos níveis vistos em anos anteriores, a expectativa é que o faturamento do setor no país avance expressivos 15%, depois de ter alcançado R$ 15,3 bilhões no ano passado. "Conseguimos repassar a inflação, e a oferta apertada de leite também contribuiu para os repasses aos preços", explica Helou.
E os repasses da alta da matéria-prima para o produto final foram de fato expressivos. Conforme levantamento do MilkPoint, consultoria especializada em lácteos, entre janeiro e julho deste ano os preços do leite longa vida no varejo da cidade de São Paulo subiram 57,9% em termos nominais. Em valores deflacionados, a alta foi de 51,8%.
Mas já há sinais de alguma mudança no mercado de leite, tanto no que diz respeito à oferta quanto aos preços. Segundo o presidente da ABLV, as vendas de longa vida melhoraram nos últimos 15 dias, com as promoções realizadas do varejo.
A oferta também dá sinais de melhora com a safra de leite do Sul do país - que, apesar de não ser maior do que a de 2015, "está boa", de acordo com Helou. Outro indício de que a disponibilidade de matéria-prima começa a melhorar, diz, é a queda dos preços no mercado spot de leite (negociações entre empresas).
Na avaliação do presidente da ABLV, se os preços ao produtor de leite se mantiverem firmes, estimulando o investimento em alimentação do rebanho pelos pecuaristas, a produção do país recuará cerca de 3% este ano. Mas se as cotações caírem, a produção pode ter retração de 5%. De acordo com levantamento do IBGE, no primeiro trimestre do ano a aquisição de leite no Brasil caiu 4,5%, para 5,86 bilhões de litros.
Apesar da melhoria da oferta de matéria-prima para os laticínios, César Helou avalia que as importações de lácteos vão continuar. "A oferta já está mais equilibrada à demanda, mas os preços do leite importado incentivam a aquisição no exterior", diz o dirigente. Enquanto o preço ao produtor brasileiro supera os US$ 0,50 por litro, no Uruguai equivale a US$ 0,26, observa.
O presidente da ABLV não chega a comemorar o avanço esperado para as vendas de longa vida este ano, mas admite que "no momento que o Brasil vive, não se pode reclamar de crescimento de 2% no consumo".
Mas o setor quer mais do que avançar sobre outras categorias de leite. "O brasileiro precisa aumentar o consumo", afirma Helou. Por isso, a entidade, que reúne 34 empresas e comemora 22 anos, está lançando hoje uma iniciativa para destacar os benefícios do leite. "Existe uma concorrência com a indústria de suco e outras bebidas. Não cabe tanta bebida no estômago do consumidor".
A campanha, cujo mote é "Leite faz seu tipo", inclui plataforma digital com conteúdos informativos sobre leite, página no Facebook e monitoramento de redes sociais. "O objetivo é acabar com certos preconceitos em relação ao leite", diz Helou. Os conteúdos, baseados em informações de instituições como Embrapa e Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), visam a esclarecer mitos sobre o leite, segundo a ABLV. Tratarão, ainda, de questões sobre nutrição, saúde, receitas e outros. As informações são do jornal Valor Econômico.
Data da Publicação: 17/08/2016
Fonte: MilkPoint
http://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/consumo-de-longa-vida-desafia-alta-dos-precos-101578n.aspx