Como elevar a produtividade das lavouras em Mato Grosso

07/07/2016
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Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja-MT, abriu o III Simpósio Agroestratégico organizado pela entidade, em Cuiabá, MT, com uma questão que preocupa o produtor mato-grossense: "Há mais de 15 anos a produtividade no Estado é a mesma", disse. Em ano de El Niño, que trouxe prejuízos para a colheita de soja e, especialmente, para a safrinha, a pergunta que deu sequência às apresentações durante o evento foi: o que o produtor pode fazer para mudar esse cenário?

 

Para Leonardo Sologuren, da Horizon Company, o produtor precisa aprender a lidar com as operações financeiras da propriedade - que ele compara a um banco a céu aberto. "Na agricultura, o produtor lida com variáveis como taxa de câmbio, cotação em bolsa, oscilações do mercado mundial, hedge e ainda clima, pragas e doenças, logística. Mas o que ele pode controlar é apenas o seu custo", afirmou. Segundo Sologuren, dados do Rabobank mostram que 85% dos problemas de liquidez que se têm na área rural ocorrem por conta de expansões mal calculadas, sendo que uma parcela de 90% dos produtores não conhece seu risco. "Então, falta gerenciamento. Isto é, planejar a sucessão familiar, ter uma meta, um orçamento". Segundo ele, iniciativas simples podem mitigar riscos: "o produtor precisa fazer simulações para decidir se vai investir na ampliação do negócio ou não, separar o caixa da propriedade dos seus gastos particulares, conhecer os processos operacionais da fazenda".

 

Ainda que com problemas, na opinião de Sologuren, o ciclo 2015/2016 trouxe resultados melhores do que a safra anterior - com as exportações crescendo de forma expressiva e o preço da soja sendo sustentado pela alta do dólar. "Agora, a confiança do empresário está voltando, com perspectiva de redução do déficit fiscal e queda dos juros", avalia. No futuro, ele é categórico: "Não haverá espaço para amadores. A agricultura não quebra, quem quebra é o produtor".

 

Daniel Latorraca, do Imea, disse que "o que trouxe o produtor mato-grossense até aqui não é o que o levará adiante". Traçando um perfil do produtor da região - onde mais de 50% detêm no máximo 1.000 hectares - ele lembrou que há uma preocupação cada vez maior com a diversificação das atividades. Após superar o paradigma da escala, o produtor investe agora em agregação de valor e na alavancagem da sua eficiência. "É o caso do suinocultor que tem uma fábrica de ração compartilhada com seus parceiros, fala em montar abatedouro, quer investir em mini usinas de etanol, planta soja. Porque se o preço de algum dos produtos cai, ele tem outra fonte de renda", afirmou.

 

Contudo, ele acredita que ainda é preciso percorrer um longo caminho para a melhoria da gestão das propriedades. "Segundo dados do Imea, a diferença de dias entre a compra dos insumos para produção de soja e o momento em que o produtor recebe pela saca gira em torno de 8 meses. No caso do milho, a média é de 3. Então, como sobreviver sem planejamento? Na safra 2015/2016, tivemos uma diferença na margem da saca da soja de 157% entre a produção mais e menos lucrativa", afirma. Para Latorraca, não vai demorar muito até que as propriedades tenham um profissional de estatística ou analista de dados do lado de dentro da porteira.

 

Data da Publicação: 07/07/2016

Fonte: Portal DBO

http://www.portaldbo.com.br/Agro-DBO/Noticias/Como-elevar-a-produtividade-das-lavouras-em-Mato-Grosso/17176

 

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