Coleta de leite em SC está suspensa por bloqueios, diz sindicato

25/02/2015
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O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite), Valter Antonio Brandalise, informou segunda-feira (23) que 100% na coleta de leite em Santa Catarina está interrompida por falta de transporte, pela greve de caminhoneiros.

 

Até as 17h desta segunda, caminhoneiros já bloqueavam 15 pontos em rodovias federais em Santa Catarina. As BR-470, BR-280, BR-282, BR-163, BR-158, BR-153 e BR-116 foram prejudicadas. Essas estradas são importantes para o escoamento da produção de diversos tipos de cargas, incluindo o leite. O trânsito foi compeltamente fechado em São José do Cedro na BR-163, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

 

O protesto dura seis dias e o abastecimento de produtos foi prejudicado. Segundo o presidente do Sindileite, falta caminhões para coletar o produtos nas produções rurais, nos postos de resfriamento e também para levar da indústria para o mercados.

 

O presidente ainda calcula que o setor leiteiro já amargue um prejuízo de R$ 1 milhão. "Há 20 bi trens carregados de leite parados em Xanxerê [Oeste catarinense]. Não sabemos se a carga vai se salvar. Só esse volume é de R$ 1 milhão". Com a suspensão da coleta no campo, o prejuízo pode ser de, pelo menos, R$ 10 milhões por dia. Em Santa Catarina, 70% da produção de leite de Santa Catarina se concentra na região Oeste do estado, onde estão ocorrendo a maior parte dos bloqueios de caminhões.

 

Nota

De acordo com o Sindileite, todas as indústrias do estado suspenderam a coleta de leite no campo. "Esta decisão foi tomada em virtude dos bloqueios das estradas, a impossibilidade de coletar o leite e levá-lo até as indústrias, falta de caminhões, caminhões presos em bloqueios, produto final impossibilitado de chegar ao mercado, alto custo da operação, perda de matéria-prima e a insegurança estabelecida em praticamente todas as regiões produtoras do estado", detalha a nota enviada pelo Sindicato.

 

"Enquanto não houver uma solução para esta situação, não temos mais condições de manter as atividades que deverão ser retomadas assim que possível", afirma Valter Brandalise.

 

"O carregamento de leite está suspenso. Existe a perspectiva de falta leite e outros produtos no mercado. As cargas não estão passando nas barreiras", afirma a Sandra Bergamin, União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) (veja a entrevista completa acima).

 

"As indústrias não têm mais o que fazer. Começaram a utilizar rotas alternativas que também foram interrompidas. Alguns bloqueios são próximos ao portão das indústrias", detalha Valter.

 

De acordo com secretário adjunto de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, o Governo de Santa Catarina deve tentar todas possibilidades de conversações. "Esgotada as conversações o Estado tem obrigação de manter a ordem no território do Estado, temos que garantir o direito de ir e vir, vai ser cumprida a lei", afirmou o secretário. Não há previsão de bloqueio da rodovia

 

Reivindicações

O protesto começou na última quarta-feira (18) e não há previsão de término. Os manifestantes reivindicam melhores condições nas rodovias da região e protestam contra o aumento no valor de combustíveis.

 

Há centenas de caminhões de carga parados em rodovias catarinenses. O abastecimento de combustível foi afetado e a paralisação de caminhões começa a afetar também a agroindústria.

 

Consumidor afetado

Além da possível falat d eleite ao consumidor, a Associação Catarinense de Supermercados (ACATS) realizava, até a tarde desta segunda-feira (23), um levantamento para saber os prejuízos no abastecimento de alimentos em Santa Catarina. Segundo a entidade em nota, há sinais pontuais de desabastecimento.

 

“O caso mais sério é no Extremo Oeste, onde se concentra o movimento dos caminhoneiros. Na maioria das regiões do Estado a situação é normal, mas ela tende a se complicar caso os bloqueios atuais permaneçam ou sejam ampliados”, disse o diretor executivo da entidade, Antonio Carlos Poletini.

 

Alimentos perecíveis, frutas e legumes são os produtos com problema de abastecimento. Há problemas considerados ainda "bem pontuais" na Serra. Nas demais regiões a situação é considerada normal.

 

Falta de combustíveis

A manifestação de caminhoneiros no Oeste de Santa Catarina causa prejuízos na região. Pelo menos três postos de São Miguel do Oeste estão sem combustível nas bombas.

 

Reforços nas rodovias federais

Nesta quarta-feira (18) a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai enviar reforços ao Oeste de Santa Catarina nos trechos de rodovias onde ocorrem protestos de caminhoneiros.

 

Por enquanto, a PRF não fala em número de agentes para fazer o reforço. Todos os policiais são de Santa Catarina e está se estudando a possibilidade e trazer guarnições de outros estados.

 

"A nossa preocupação é porque ontem [domingo] houve alguns abusos. Houve bloqueios, ataques a caminhoneiros, acidentes, pessoas que ficaram presas", explicou o chefe da Comunicação da PRF, Luiz Graziano.

 

Na tarde desta segunda, irá ocorrer uma reunião na região Oeste com os agentes que fazem parte do reforço. A cidade e o horário não haviam sido definidos até a publicação desta reportagem.

 

Os manifestantes reivindicam melhores condições nas rodovias da região e protestam contra o aumento no valor de combustíveis.

 

Trechos

Por volta de 11h15, a PRF divulgou os trechos onde ocorrem as manifestações nesta segunda. Segundo a polícia, veículos de passeio, ônibus e caminhões com carga perecível passam normalmente.

 

São abordados os caminhoneiros que levam carga seca. Não há previsão para o fim das manifestações, informou a PRF.

 

Confira os trechos na lista abaixo:

BR-116 - km 54, em Papanduvas

BR-153 - km 64 em Irani e km 97 em Concórdia

BR-158 - Cunha Porã, km 109, e em Palmitos no km 139

BR-163 - Guaraciaba (km 87, trevo de Anchieta. Máquinas agrícolas na pista e canteiros) e São José do Cedro (km 101)

BR-280 – São Bento do Sul (km 122)

BR-282 - Campos Novos (km 317), Xanxerê (km 504,4), Nova Erechim (km 571,3), Maravilha (trevo, km 605), São Miguel do Oeste (trevo, km 645,6)

BR-470 - Campos Novos (km 339,6) e em Pouso Redondo (km 174)

 

Por causa dos caminhões parados, alguns postos de combustível do Oeste do estado apresentam falta do produto.

 

Orientações

A PRF orienta os motoristas, tantos os de carros de passeio quanto caminhoneiros, que não tentem forçar a passagem caso haja um bloqueio durante a manifestação. Essa atitude pode provocar um confronto.

 

Reunião em Salvador

Representantes da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc) esteve no domingo (22) com os caminhoneiros.

De acordo com o presidente da entidade, Pedro Lopes, foi pedido aos manifestantes que escolhessem representantes e apresentassem a pauta de reivindicações.

 

Ele afirmou em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina que levará os pedidos à reunião do Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custo, Tarifa e Mercado (Conet), que trata do estudo de planilhas para ver o custo do transporte.

 

A reunião será em Salvador na terça-feira (24).

 

Fonte: G1 SC

Publicada em terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

 

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