CLORO MATA BACTÉRIAS NO RÚMEM DA VACA!
As propriedades bactericidas do cloro foram comprovadas pelo bacteriologista Koch em 1881 e desde então seu uso como sanitizante para água teve início com inúmeros benefícios a saúde humana. Aprovado pela American Public Health Association (APHA), em 1886, começou a ser utilizado nos EUA no processo de desinfecção de águas para abastecimento público. A expectativa de vida nos EUA passou de 47 para 56 anos quando praticamente erradicou a mortalidade por febre tifóide. Em 1991, a cólera causou a morte de milhares de habitantes do Peru, devido a falta de cloro na água. Em 1939, quando o United States Milk Ordenance and Code recomendou o cloro como agente de desinfetante de equipamentos, sua utilização já era uma prática totalmente difundida na produção de leite.
Ao recomendar que toda água utilizada nas unidades de produção de leite deve ser clorada a Instrução Normativa 62 estabelece um padrão de qualidade para a mesma independentemente de sua procedência, ou seja, qualquer que seja a fonte de sua água ela deve ser clorada. Isso gera muita discussão entre produtores, pesquisadores e profissionais do setor. Uma água de poço que em sua análise não apresenta contaminação deve ser clorada? A reposta está na IN 62 - Cap. 3 art. 3.3.11. Deve ser instalado equipamento automático de cloração, como medida de garantia de sua qualidade microbiológica, independentemente de sua procedência.
Neste ponto surge a pergunta óbvia. Se o cloro mata bactérias na água, vai matar também no rumem da vaca e isso irá prejudicar o processo fermentativo, reduzir o leite, matar a vaca, etc, etc? Tal pergunta, que surge de produtores, pesquisadores e profissionais como veterinários, agrônomos e zootecnistas entre outros, demonstra um desconhecimento quanto ao processo de desinfecção via cloração bem como o mecanismo de ação do mesmo. Em alguns casos tais afirmações se fundamentam em experiências passadas negativas quanto ao uso do cloro de forma rudimentar, ignorando os procedimentos corretos e assim obtendo resultados indesejados como cheiro forte de cloro na água.
O cloro é extremamente reativo com nitrogênio ou matéria orgânica, ou seja, antes de matar uma bactéria o cloro cada molécula de cloro deverá se ligar um nitrogênio. Por outro lado, o cloro precisa de 30 min para matar uma bactéria. O rumem de uma vaca pode conter de 80 a 100 litros de alimentos com uma flora média de microrganismos na faixa de 1014. Um residual de cloro de 0,5 mg/L na água de bebida dos animais representa 0,0005 gramas de cloro contra 80 a 100 litros de pura matéria orgânica mais uma flora de 1014. Essa quantidade de cloro deverá ser eliminada ainda na língua da vaca. Para oxidar os 100 litros de líquido ruminal e alimento e matar todas estas bactérias seria necessário a vaca engolir várias pastilhas de cloro inteira.
Data da Publicação: 30/12/2016.
Fonte: MilkPoint
https://www.milkpoint.com.br/blogs/gestao-da-agua/cloro-mata-bacterias-no-rumem-da-vaca-103414n.aspx