BRASILEIRO BEBE, SEM SABER, LEITE EM PÓ ARGENTINO E URUGUAIO
O consumidor não sabe, mas pode estar consumindo leite em pó da Argentina e do Uruguai nas caixinhas e saquinhos comprados nos supermercados. Esses países são favorecidos pelas relações do Mercosul e estão aumentando as exportação do produto para o Brasil. Somado a isso, IN (Instrução Normativa) 26 do Mapa (Ministério da Agricultura) autoriza as indústrias de laticínios da área da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) a reconstituir leite em pó para a produção de leite longa vida (UHT) e leite processado (UAT).
Isso tem desagradado os concorrentes brasileiros, principalmente produtores de leite de Minas Gerais, que são responsável por 30% da produção nacional. Produtor em Lavras, Sul de Minas, Eduardo Penna diz que há uma cota para os produtos lácteos da Argentina e que não há limites para o Uruguai, já que o país comercializa o que conseguir vender no mercado brasileiro. “Não há nenhum tipo de aviso da origem no leite comprado pelo consumidor, e a fiscalização da qualidade do produto que entra no país é feita pelo Mapa”, diz.
O presidente da FAEMG, Roberto Simões, diz que os produtores estão vivendo uma situação dramática, já que, com os preços internacionais dos lácteos em baixa, as importações aumentaram em volume 86% neste ano. “É uma avalanche de lácteos importados concorrendo com os produtos nacionais, fazendo o preço pago ao produtor cair”, reclama ele. Com a alta das compras internacionais, o saldo da balança comercial de lácteos está com saldo negativo de US$ 305 milhões.
O presidente da Faemg afirma que entidade quer a suspensão imediata dessa instrução normativa, que permite o leite em pó no UHT e no UAT. “A medida contraria portaria do próprio Ministério, que, desde 1994, proíbe essa prática por considerá-la danosa à produção nacional”, frisa.
Há três meses, Simões havia feito pessoalmente o pedido ao presidente Michel Temer, em Brasília. E um novo ofício foi enviado anteontem ao governo federal.
“Até o momento, não tivemos nenhuma resposta”, diz ele. A reportagem procurou o Mapa, que não se manifestou até o fechamento desta edição. Também não foi informado quais marcas utilizam o leite em pó importado em sua composição.
Sindicato
Posição. O Silemg (Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais) é contra a reconstituição do leite em pó para a produção de leite longa vida(UHT) e leite processado (UAT).
SAIBA MAIS
Produção
Produção nacional de leite está na casa dos 36 bilhões de litros por ano
- Minas Gerais é o maior Estado produtor, com cerca de 30% do total
- 70% dos produtores são de pequeno porte
- 168 municípios mineiros estão na área da Sudene
Preço do leite pago ao produtor (valor médio)
Em Setembro de 2016
Minas: R$ 1,68
Brasil: R$ 1,63
Em Setembro de 2015
Minas: R$ 1,08
Brasil: R$ 1,06
REFLEXO
Com a concorrência do leite em pó importado, em especial do Uruguai, a indústria brasileira quer pagar menos pelo leite, reclama o produtor de Lavras, no Sul de Minas, Eduardo Pena. E para agravar a situação, os custos de produção subiram. “Como produtor, eu me sinto prejudicado. Não está faltando leite, o que poderia justificar a medida”, diz Penna.
O presidente da FAEMG, Roberto Simões, confirma que o oligopolizado mercado comprador brasileiro de leite quer pagar menos pelo produto. “Já estão anunciando queda ao produtor de R$ 0,40 ou mais por litro, antes mesmo da safra, que começa agora, com o início do período chuvoso no Sudeste”, reclama ele.
Data da Publicação: 07/10/2016.
Fonte; Laticínio.net
http://www.laticinio.net/noticias/completa/18167_-brasileiro-bebe-sem-saber-leite-em-po-argentino-e-uruguaio