Atraso no El Niño pode beneficiar safrinha

11/02/2016
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Uma mudança no padrão dos ventos no oceano Pacífico deverá alterar o deslocamento das águas mais quentes e atrasar em quatro a seis semanas o declínio do fenômeno climático El Niño, beneficiando as lavouras da segunda safra de milho no Brasil, afirmou o analista climático Adam Turchioe à Reuters. Turchioe trabalha na consultoria Lanworth, em Chicago.

 

"Sem os dois ciclones tropicais que ocorreram no Pacífico veríamos uma queda muito mais rápida no El Niño. No longo prazo, isso empurra a janela de clima favorável para lavouras na América do Sul por quatro a seis semanas", diz o especialista.

 

A duração da janela de chuvas de verão tem sido uma grande preocupação de produtores de milho em Estados como Mato Grosso, onde o cereal é semeado logo após a colheita de soja.

 

O objetivo dos agricultores é conseguir antecipar o calendário da soja para que o desenvolvimento do milho ocorra antes do fim do período de chuvas. A tensão ocorre neste ano porque uma seca inesperada atrasou o plantio da leguminosa em setembro e outubro, empurrando também a janela de cultivo do cereal.

 

A previsão de Turchioe é de tempo chuvoso em março e abril no país. "Esse El Niño prolongado e outras variáveis atmosféricas que estamos analisando vão ajudar. No curto prazo, os próximos dias parecem mais secos, mas o tempo fica mais chuvoso a partir da última semana de fevereiro e início de março", disse. No entanto, segundo Turchioe, a previsão para maio ainda é incerta.

 

Foi assim também no ano passado, quando, de início, houve incertezas sobre a janela de chuvas para o chamado "milho safrinha". Contudo, o período de chuvas se prolongou além do esperado garantindo excelentes produtividades no Centro-Oeste em 2015. "Analisei dados dos últimos 35 anos e o ano com mais correlação com o atual realmente é 2015", afirmou Turchioe.

 

La Niña Agora, os meteorologistas analisam tendências climáticas de médio e longo prazo para saber se o planeta entrará em fase neutra ou se sofrerá influência do fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento da superfície do Pacífico. "Ainda estamos fazendo pesquisas, mas no momento parece muito mais provável que vamos para La Niña do que para clima neutro", afirmou. Caso se confirmem os impactos do La Niña, a próxima safra na América do Sul, em 2016/2017, deverá ter um clima mais seco e quente, especialmente na Argentina e no Sul do Brasil, o que pode prejudicar a produtividade das lavouras. Por outro lado, quando há transição de El Niño para La Niña, é registrado clima mais quente e seco também nos Estados Unidos, principal competidor do Brasil no mercado internacional de grãos. "Isso pode acontecer agora na safra 2016. Há risco de algumas regiões terem tempo mais quente e seco no centro e no leste dos Estados Unidos. Mas vamos ter uma noção mais clara à medida que o verão do Hemisfério Norte se aproxima", completou o analista.

 

Data da Publicação: 11/02/2016

Fonte: Portal DBO

http://www.portaldbo.com.br/Agro-DBO/Noticias/Atraso-no-El-Nino-pode-beneficiar-safrinha/15369

 

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